domingo, 5 de dezembro de 2010

O GRANDE TAMBOR - Trailer

Assista o Trailer de O Grande Tambor que tem estreia marcada para dia 12 em Pelotas e 13 em Porto Alegre.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Semana da Consciência Negra

O Coletivo Catarse realizou uma reportagem que foi ao ar na segunda-feira, 15/11, na TV Brasil sobre a semana da consciência negra, que trata da criação da identidade negra no Brasil. Como um povo que sofreu humilhações desde a sua chegada no país, consegue passar adiante o orgulho de ser negro.

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Postado por Sérgio Valentim em www.coletivocatarse.com.br

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O GRANDE TAMBOR



A trajetória do que poderia ser considerado um simples instrumento se transforma numa jornada de descobrimento de processos históricos que teimam em contrapor a verdade idealizada daquilo que se considera oficial no Rio Grande do Sul. Com um toque grave e de grandes proporções, o Tambor de Sopapo, hoje montado principalmente pelas mãos do pelotense Mestre Batipsta, não deixa morrer a memória das traições, do genocído do povo negro e, acima de tudo, da sua grande e essencial contribuição cultural para o estado e para o Brasil. As mãos que hoje massageiam o couro, que retumbam distante o som inconfundível do pampa gaúcho, são as mesmas que há séculos foram retiradas de seus lares em algum lugar de uma África distante e que construíram a suor e muito sangue as riquezas e o imaginário que nunca lhes pertenceram.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

lançamento de A PRINCESA É UMA SENHORA

A PRINCESA É UMA SENHORA, música de Richard Serraria e Marcelo (da Redenção) Cougo, parte da trilha sonora do Projeto Tambor de Sopapo, teve seu lançamento na RádioCom (Pelotas-RS). A equipe do Coletivo Catarse, acompanhada do Mestre Baptista, esteve ao vivo batendo um papo sobre o documentário O GRANDE TAMBOR, que tem o patrocínio do IPHAN.

Faça o download da entrevista, clicando aqui.


Assista alguns clipes das versões anteriores da música A PRINCESA É UMA SENHORA, clicando aqui.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

gravação do clipe da música O GRANDE TAMBOR do Mestre Paraquedas

"O Sopapo quase foi esquecido. Pra mim, hoje, ele representa a cultura mais verdadeira do Rio Grande do Sul. Na quinta-feira, 21 de novembro, estivemos no Ponto de Cultura Ventre Livre para gravar o videoclipe da múscica O Grande Tambor, de autoria do Mestre Griô Paraquedas. A música vai fazer parte de um documentário de mesmo nome¹ que resgata a história e a cultura deste instrumento de percussão típico do sul do Rio Grande do Sul, que remonta a época das charqueadas e foi presença importante nos carnavais de Pelotas e Rio Grande entre as décadas de 40 a 70 aqui no estado.
(...)
Já não somos os mesmos, estamos cada vez mais livres, independente de sermos negros, índios, brancos, Catarse, Bataclã, Afro Sul...somos brasileiros descobrindo o que constitui nossa bagagem cultural, do que somos feitos realmente. Isso é libertador e nos dá a energia para seguirmos adiante...

Leia o texto inteiro no blog da Bataclã FC, clicando aqui.
Texto de Têmis Nicolaidis (VJ da Bataclã FC, coordenadora do Ponto de Cultura Ventre Livre e editora do filme O GRANDE TAMBOR)





fotos de Têmis Nicolaidis

 
O Grande Tambor
(música do Mestre Paraquedas)

Negro Sopapo
Parece trovão
Batendo no couro
Sangrando a mão

Grande Tambor
Que vem lá do Cativeiro, da charqueada, do terreiro
É mina, é batuqueiro

Ecoa no céu, retumba no mar
O grande tambor pelotense
É Gege, é Nagô, é raiz
Cultura pura africana
Na sua essência, na sua matriz


Técnico de Som:
Marcos Farias (Marquinhos)

Voz:
Eugênio da Silva Alencar (Mestre Paraquedas)
Liliane Escoto da Silva (Lil)
Richard Serraria
Sarah Brito

Tambores:
Lucas Kinoshita
Nego Vado
Paulo Romeu
Valder Rocha (Sapo)
Paulo Mallet

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mestre Paraquedas na Trilha do Documentário

O mestre Griô, "Eugênio da Silva Alencar, conhecido como Mestre Paraqueda, de 73 anos, é músico, compositor, poeta, desenhista, um contador de histórias. Vivenciou os chamados territórios negros em Porto Alegre: nasceu na região de Alto da Bronze, morou no Areal da Baronesa, no Menino Deus, dentre outras regiões da cidade que concentraram os descendentes de africanos. A ligação com o samba veio através da família, que costumava tocar e cantar em festas, nos finais de semana. Começou a compor por volta dos oito anos, na metade da década de 1940. Seu apelido veio de quando serviu ao Exército como para-quedista. Foi assim que conheceu o Rio de Janeiro e lá conviveu com o cotidiano da Escola de Samba Portela. Participou também dos ranchos da Unidos da Vila Valqueire. Sua relação com o carnaval é muito forte. Compôs mais de 60 temas, sendo que 40 viraram sambas enredos de diferentes escolas de Porto Alegre. Fundou diversas sociedades carnavalescas da cidade como o Comandos do Morro, o Sambão, o Samba Puro, Unidos da Conceição, dentre outras. Como desenhista, construiu diversas alegorias para estas sociedades e escolas de samba. Gravou muitos sambas enredos dos carnavais de Porto Alegre e teve outras músicas gravadas por outros intérpretes. Uma destas, chamada “É morro, é favela, é gueto, é quilombo” foi censurada pela ditadura militar. Sua trajetória é marcada pela resistência das culturas populares, da negritude do pampa, municiada pela música e poesia."*

Mestre Paraquedas nos brindou com composição feita especialmente para o documentário "O Grande Tambor", e ontem a noite um grupo especial de músicos (Paulo Romeu, Wado, Lucas Kinoshita, Cal e o próprio mestre) se reuniu no Ponto de Cultura Odomodê com a missão de harmonizar esta música. Eis o resultado:



A gravação da música para a trilha vai ser semana que vem, no Ponto de Cultura Ventre Livre.

*Texto: Caiuá Al-Alam, Pesquisador.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O SOPAPO E O CABOBU: a invenção de uma tradição percussiva no extremo sul do Brasil

"O Sopapo, tambor de grandes dimensões encontrado em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, é cercado por incertezas quanto as suas origens e circulação. Produto da reconstrução diaspórica dos escravos das Charqueadas em Pelotas, no século XIX, foi amplamente usado a partir da década de 1940 em escolas de samba nestas cidades. O tempo promoveu uma migração do instrumento para outros contextos. Artistas /grupos musicais se apropriaram do instrumento no final da década de 1990, ressemantizando sua sonoridade e conferindo status diferenciado ao Sopapo, como elemento identitário e ideológico.
O Projeto CABOBU, idealizado pelo músico Giba-Giba e realizado em Pelotas em 2000
e 2001, foi responsável pelo ressurgimento do Sopapo e por esta recontextualização. Através de uma oficina de construção do instrumento, quarenta Sopapos foram doados aos músicos participantes, entre eles Naná Vasconcelos e Djalma Corrêa, culminando com uma bateria composta por Sopapos, num festival de três dias com palestras sobre a cultura musical afrobrasileira e shows onde o Sopapo estava presente em todas as apresentações, numa grande Festa dos Tambores."


Esta é a introdução do projeto de doutoramento (UFRGS) de Mario de Souza Maia, que você pode ler integralmente clicando aqui.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

edição do documentário O GRANDE TAMBOR

O processo de edição pode ser considerado um dos momentos decisivos da produção de um audiovisual. Neste momento tudo, tudo mesmo pode entrar no ritmo certo ou não. E esta responsabilidade se multiplica quando se trata de um assunto tão importante e, ao mesmo tempo, tão relegado por quem escreve a história oficial.
Precioso material, o documentário O GRANDE TAMBOR vem sendo construído pelas mãos e sensibilidade da montadora Têmis Nicolaidis. Ela agora nos dá mais esse gostinho... mais um pedacinho pra nos deixar com vontade de quero mais.
Assiste ai!



Como o Projeto Tambor de Sopapo está fervilhando entre nós a medida que se aproxima o lançamento em novembro, muito vem sendo produzido nas últimas semanas.
Abaixo um pouco mais das gravações da trilha sonora.

Trilha: Harmonizando sopapo com baixo

No início do mês, os diretores da trilha Marcelo (da Redenção) Cougo, Lucas Kinoshita e Richard Serraria enfrentaram a tarefa de harmonizar o baixo de Filipe Narcizo (Bataclã FC)com os timbres do sopapo no arranjo para Pássaro Azul.
Veja um trecho dessa empreitada...


Em breve, as gravações de Sweet Senzala com Giamarê.

Abaixo algumas fotos de Pedro De Camillis das gravações.





quinta-feira, 9 de setembro de 2010



O GRANDE TAMBOR, documentário longa-metragem realizado pelo Coletivo Catarse, traz a história do Sopapo e resgata uma das marcas culturais dos negros do RS. Herança dos escravos, o Tambor de Sopapo ecoa pra ser reconhecido, soa pra ser lembrado na própria terra que o recebeu.
O Tambor de Sopapo está na raiz da história do extremo sul do Brasil. Desde as charqueadas até o embalo dos carnavais de rua de Pelotas e de avenida em Porto Alegre. No entanto, a partir dos anos 1970, o processo de carioquização do carnaval brasileiro fez com que este instrumento de difícil construção e de grande porte fosse substituído por instrumentos conhecidos como surdos, também de sonoridade grave e com processo de construção insdustrializado.
No ano de 1999 havia apenas 3 tambores de sopapo identificados no estado do Rio Grande do Sul. Em 2000 e 2001, foram realizadas, então, duas edições do Projeto CABOBU em Pelotas, através da ação do músico Giba Giba, chamando a atenção para a possível extinção do instrumento.
Com intuito de preservar uma das marcas importantes da cultura negra sul-riograndese, o Coletivo Catarse, em convênio com o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, lançará ainda uma cartilha, um livro com degravações de entrevistas e um banco sonoro.
O Coletivo Catarse se junta a Mestre Baptista, Giba Giba e Richard Serraria para que o sopapo sopape nossos ouvidos, pra que a gente possa dançar ao som de um tambor que é a nossa história.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O GRANDE TAMBOR

Recentemente o projeto de resgate histórico do tambor de sopapo iniciou uma nova e importante etapa. O documentário, agora batizado de O GRANDE TAMBOR, começa a tomar forma nas mãos da montadora Têmis Nicolaidis, que agora nos dá um gosto com as sábias palavras de Giba Giba.



Chegou o momento de reunir as informações, as imagens, os sons para decidir o quê e como irão compor o livro, a cartilha e o banco sonoro que resultam o projeto. Intenso trabalho pro nosso designer e ilustrador, Rafael Corrêa (clique aqui e conheça o blog do Rafael).

E toda equipe, em especial a produção, se prepara para o lançamento em novembro. Que tá logo ali!

Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.


Clique aqui e veja mais fotos.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Gravação de violões em Ventre Livre Odara


Marcelo Cougo no estúdio gravando violão e equipe do lado de fora do aquário no Estúdio Tec Áudio (Glauco Minossi pilotando o Pro Tools; Lucas Kinoshita orientando locais de inserções do violão e Richard Serraria registrando em foto). A canção "Ventre Livre Odara" foi a primeira a receber registros definitivos de violões e hoje seguem as captações em "Pássaro Azul", "Suíte Senzala" e "A princesa é uma senhora". As bases de percussão estão maravilhosas, timbres marcantes e apuro técnico nos arranjos desenhados por Lucas Kinoshita. Trata-se de um significativo momento histórico tal experiência, a possibilidade de imersão nesse universo mágico envolvendo arranjos, diferentes modos de afinação e captação do sopapo junto aos tambores de batuque gaúcho, caxixis, chocalhos, etc. Além de toda a carga documental que o projeto trará à luz, sem dúvida esse exercício prático de aprofundamento dos conhecimentos referentes ao tambor de sopapo em estúdio, também é elemento mais que significativo dessa empreitada.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Trilha entra na reta final

Nesta semana, acabam as gravações e inicia a finalização e masterização das trilhas para o documentário e para a caixa de registros e conhecimentos que o Projeto irá produzir.
Esta caixa reunirá saberes populares que envolvem a produção do tambor de sopapo para a consolidação de um conhecimento secular, histórico e que ainda corre o risco de se extinguir.

Abaixo algumas fotos das gravações da trilha sonora, com o percussionista Lucas Kinoshita investe fundo na pesquisa de timbres e arranjos num exímio trabalho; Marcelo Cougo na direção de trilha; Glauco Minossi tranquilade na técnica do estúdio.
A edição do documentário segue seu curso e, em breve, tem mais detalhes pra todos.











Fotos de Pedro De Camillis.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Gravações da Trilha do Filme

Neste mês de agosto estamos gravando a trilha sonora original que irá compor o documentário sobre o tambor de sopapo. Marcelo Cougo e Lucas kinoshita gravam o sopapo no estúdio. Veja algumas imagens da gravação.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Homenagem a Mestre Baptista


Foto de Leandro Anton

Quando inicou o Projeto Tambor de Sopapo, já tínhamos uma noção de que muito seria (re)descoberto, muitas pessoas e personagens seriam revelados pela incrível trajetória do tambor. Contudo, nenhum de nós imaginou que a trajetória de um homem poderia nos mobilizar tanto quanto a do Mestre Baptista.
Através de suas mãos, do ritmo de sua fala, da sua postura, o Tambor de Sopapo foi (re)montando-se frente os nossos olhos e corações.

Hoje prestamos uma homenagem a este grande homem publicando esse perfil que compõe o Museu da Pessoa.

Um grande salve ao Mestre Baptista.
Kaô kabiecí!

Neives Baptista nasceu em 27 de junho de 1936, em Pelotas (RS), numa época em que a cidade ainda era muito pequena e os bondes cruzavam as ruas. Filho de uma dona de casa e um oleiro, teve uma infância simples, mas de muitas brincadeiras, na qual aprendeu o ofício do pai e se divertiu com o agitado carnaval pelotense. Foi ainda muito jovem que descobriu que tinha o dom de ver os mortos.
Seus pais, por muito tempo, acharam que o menino estava louco e acreditavam que suas visões eram obras do demônio. Neives, ainda menino e assustado, passou a escondê-las dos pais.
Tocou a sua vida, trabalhou em diversos empregos. Foi oleiro em uma fábrica de vidro, taxista, ajudante de caminhoneiro e encontrou a sua vocação na profissão de motorista de ônibus da empresa Nossa Senhora da Penha, na qual trabalhou por 20 anos até se aposentar.
Depois de sua aposentadoria, recebeu uma missão espiritual: deveria consultar seus ancestrais africanos para desenvolver um instrumento que há muito tempo havia sido esquecido nos carnavais de sua cidade – o sopapo.


Para ler todo o artigo publicado no Museu da Pessoa, clique aqui

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Criação da trilha sonora do documentário

Ouça (e veja) a entrevista para a RadioCom de Richard Serraria, Lucas Kinoshita e Têmis Nicolaidis sobre a criação da trilha sonora e o início da edição do documentário sobre o Tambor de Sopapo. A entrevista foi ao ar no dia 3 de agosto de agosto pela RadioCom (104,5 FM) para a cidade de Pelotas e no site.

Lucas Kinoshita fala da pesquisa e criação da música "Do Ventre do Sopapo sai o som" (veja abaixo), criada numa oficina de tambor de sopapo no Ponto de Cultura Ventre Livre (Saiba mais sobre a oficina no blog). Kinoshita destaca também a importância de se fazer um registro musical da utilização do tambor para a difusão do instrumento.

O documentário, que tem a direção de trilha de Marcelo Cougo com a colaboração de Lucas Kinoshita e Richard Serraria, tem lançamento marcado para a Semana da Consciência Negra.


Imagens: Têmis Nicolaidis e Richard Serraria.


Conheça as prévias das músicas
Do Ventre do sopapo sai o som


Suíte Senzala


Imagens: Têmis Nicolaidis.

sábado, 31 de julho de 2010

Suíte Senzala II


Enquanto avança o trabalho de edição do documentário sobre o Tambor de Sopapo a trilha sonora vai tomando forma.
O músico uruguaio Sebastián Jantos já havia participado do espetáculo Yacupampa, que trata da matriz cultural africana, sua influência na música e nos costumes dos povos no sul do Brasil, Uruguai e Argentina. Nessa semana ele aproveitou passagem por Porto Alegre para registrar sua percussão para Suíte Senzala, que integra a trilha sonora do filme. Serão quatro canções que falam do Sopapo e das mulheres e homens que fizeram dessa história uma experiência criativa e emocional para todos que conhecem o tambor. As canções estão em fase de arranjos e captações de idéias. O estúdio é na casa do Lucas Kino, pilotando a técnica e os arranjos percussivos.
Suíte Senzala é uma dessas que nasceu nas andanças em Pelotas, suas ruas e esquinas, seu passado e seu presente, seus mistérios e sombras.

Leia mais e ouça a canção na voz da cantora pelotense Giamarê.


Suíte Senzala

(Serraria & Redenção)

Cidade Velha
caminhos de pedra
o Paço dos Negros
suor e chibata
a escravidão
a cidade esquece
purga e cala

O grande tambor
o mapa da água
arroio Pelotas
os ossos de quem não fala
a escravidão
a cidade esquece
purga e cala

Brasa que passa nas mãos
o Rincão das Almas
Monjolo, Torrão
Algodão, Armada
a escravidão
a cidade esquece
purga e cala

Esquina da Carne
Sweet Senzala
a escravidão
a cidade
Esquece...porque cala

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Clipe dos Griôs

O Projeto Tambor de Sopapo está editando o documentário. O intervalo de postagens no blog coincide com o período de imersão que a decupagem e a edição exige.

Voltamos com o clipe dos griôs, com a participação da equipe do Projeto Tambor de Sopapo, gravado em São Francisco do Sul durante o Teia Sul 2010, encontro dos pontos de cultura da região sul.

domingo, 16 de maio de 2010

A produção do charque e o Sopapo

O Coletivo Catarse esteve em Pelotas realizando mais gravações do documentário sobre o Tambor de Sopapo e entrevistou uma Mãe de Santo, a Tia Maruca, e a sua filha Juraci, que também é presidente da escola de samba fundada pelo Mestre Baptista há 16 anos, a Imperatriz da Zona Norte.


Tia Maruca nos contou um pouco das culturas de matriz africana, do sincretismo gerado pela opressão católica e dos rituais africanos que ajudaram os negros escravizados a suportar o campo de concentração de produção de charque em Pelotas.

Ela falou da importância do tambor ser tocado no ritual: "O tamboreiro não pode parar". Sobre o ritual de sacrífício de animais, salientou na implicância de um grande conhecimento da maneira de se matar sem gerar sofrimento para o animal, de se recolher o sangue, se retirar o couro e preparar o alimento para ser consumido depois. Os rituais de sacrifício sempre existiram, desde a mãe África, se dividindo tarefas entre as pessoas mais aptas - uma espécie de divisão do trabalho que foi também sendo utilizada nas charqueadas para a matança do gado.


Aliás, segundo Tia Maruca, matar um boi, na ritualística afrodescendente, é a maior oferenda que se pode dar a uma entidade. O sacrifício de um animal deste tamanho é muito complicado, exigindo muito conhecimento e espiritualidade, não sendo qualquer um que faz.

Neste sentido, é impossível imaginar o desenvolvimento da indústria do charque, que sacrificava 600 animais por dia, em 30 empreendimentos, sem que os envolvidos não detivessem um certo conhecimento "tecnológico" da matança proveniente da memória de rituais africanos trazidos pelos negros escravizados.


Tia Maruca explicou-nos também que o ritual é feito da meia-noite ao meio-dia, da chamada "hora grande" à "hora grande". Ao final, consagra-se o sacrifício aos deuses tocando-se o tambor, assim como descreveu Nicolau Dreys, um inglês que esteve em Pelotas por volta de 1839: "Na estação da matança, isto é, de novembro até maio, o trabalho das charqueadas principia ordinariamente à meia-noite, mas acaba ao meio-dia, e tão pouco cansados ficam os negros que não é raridade vê-los consagrar a seus batuques as horas de repouso que decorrem desde o fim do dia até o instante da noite em que a voz do capataz se faz ouvir." (Dreys, Notícias Descritivas, 1839, p.202-205).

Aquarela de Wendroth intitulada dança dos negros em Pelotas, de 1857.

Publicado por Sérgio Valentim
Fotos: Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pássaro Azul, o maior tocador de sopapo de Rio Grande


A Catarse esteve em Rio Grande e entrevistou a Poróca, filha do Pássaro Azul e o tio Valter, primo do passáro, com 80 anos, que tocou com ele no carnaval. Adão, o Pássaro Azul, foi o mais conhecido tocador de sopapo de Rio Grande. Tocava nas mariquitas, uma das primeiras escolas de samba do estado, o tambor de sopapo. Segundo o tio Valter, só ele que tocava naquele instrumento, pois tinha uma habilidade e fazia a diferença no som da escola. "Era possível ouvir de longe o sopapo do Pássaro quando a escola vinha chegando", segundo o primo que tocava prato junto dele. Era um negro de 2 metros de altura que travava duelos com o Boto, tocador de sopapo da Academia do Samba de Pelotas. Era comum naquela época, as escolas de Rio Grande desfilar em Pelotas.

fotografia de Passáro Azul (alto à direita) com a família

Poróca nos contou que o sopapo Rio Grande era feito com as madeiras provenientes de barris, como os de vinho, que era comum na cidade portuária. Ele era como uma grande cubana, ou um grande atabaque, feitos por um taloeiro e preso com tiras de ferro. Mas era maior que estes tambores tradicionais, tinha mais de um metro de altura e, segundo o tio Valter, a boca era grande e o som era extremanmente grave.



Publicado por Sérgio Valentim
Fotos: Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Igreja de Oxum em Rio Grande



O projeto Tambor de Sopapo desenvolvido pelo Coletivo Catarse entrevistou Maria da Graça Amaral, que participou do projeto Cabobu e recebeu um dos quarenta sopapos produzidos pelo mestre Baptista durante o projeto. Maria da Graça esta concluindo o curso de serviço social e trabalha no acolhimento de estudantes estrangeiros provenientes dos países africanos de língua portuguesa, como Guiné Bissau, San Tomé e Principe, Moçambique e Angola, que procuram a Universidade de Rio Grande para estudar.Durante toda a faculdade pesquisou sobre o preconceito e a discriminação social sofridos pelos negros no sul do Brasil e que ainda persiste.




Maria da Graça contou que esta Igreja da Nossa Senhora da Conceição dos Negros foi fundada por uma irmandade de escravos libertos para que pudessem rezar separado dos Brancos.Explicou que esta irmandade se encontrava, por volta de 1808 no fundos da Igreja São Pedro, que é uma das igrejas mais antigas do Estado com 250 anos. Logo depois, em 1814 fundaram a igreja dos negros, com uma clara referência a OXUM, pois com a ditadura dos católicos, os africanos escravizados sincretizaram a deusa dos rios e cachoeiras em Nossa Senhora da Conceição, para que pudessem rezar e serem aceitos na sociedade.



Segundo Graça, a falta de referência aos escravos que criaram a irmandade que ajudou na construção da Igreja é devido a falta de conhecimento da comunidade sobre a sua própria história e que "quase ninguém sabe que ela foi fundada pelos negros". Mesmo assim, sempre no dia 08 de dezembro, que é dia de Nossa Senhora da Conceição, acontece uma comemoração na cidade onde a comunidade do candomblé entra na igreja e faz suas oferendas a Oxum, que nada mais é do que a Nossa Senhora da Conceição dos negros.



Públicado por Sérgio Valentim
Fotos: Gustavo Turck/Coletivo Catarse e Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O mercado de escravos em Rio Grande - RS

O Coletivo Catarse está em Rio Grande desenvolvendo o Projeto Tambor de Sopapo e entrevistou André Brisolara no mercado do peixe onde era feito o comércio de negros escravizados na época das charqueadas. A maioria destes escravos chegava pelo porto de Rio Grande e eram acorrentados nas colunas do mercado para serem expostos à venda.



André nos contou que os escravos eram lavados ali em frente e acorrentados nestas argolas, onde ficavam em exposição para o comércio. Uma legítima feira de escravos no tradicional mercado público de Rio Grande.







Publicado por Sérgio Valentim
Fotos: Leandro Anton/Quilombo do Sopapo

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma tarde de trabalho

Cadê a minha camiseta do Che Guevara?



Lembra quando éramos jovens e idealistas?
Lembra como pensávamos que poderíamos mudar o mundo?
A gente andava por aí de bermuda, estampando na cara os nossos ídolos, barba por fazer, cabelos compridos...
Nossos ideais nos alimentavam.
Lembra como ficávamos furiosos com a injustiça social?
Como discutíamos, inclusive, afinal de contas o que é injustiça social?
Lembra como você me dizia que não conseguiríamos, que estávamos delirando e que seríamos amassados pelo sistema?
E eu respondia que se isto fosse o mínimo a ser feito, então o faríamos com o máximo de dedicação.
Lembro de caminharmos pelas ruas e chorarmos a cada esquina em que assistíamos atônitos o tempo passar com a multidão surda-muda, pisoteando a pobreza com a pobreza de espírito.
Lembra como todos nos desacreditavam dizendo que não seria possível?
Que éramos sonhadores, românticos?
Pois é.
E onde eles estão agora?!
E nós?
Nós estamos aqui, escrevendo a história, construindo o futuro com as nossas ferramentas.
Lembra?!
Não?
Pois ainda vai acontecer...

Foto da entrevista com PC e Paulo Romeu, no Ponto de Cultura Odomodê, aqui em Porto Alegre mesmo, para o filme sobre o Tambor de Sopapo em www.coletivocatarse.com.br

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sopapo no Teia 2010 - Fortaleza

O Teia é um encontro nacional de Pontos de Cultura. Gente de todo o país, artistas, coordenadores de Pontos, uma grande festa da diversidade, uma oportunidade de troca única.

No encontro foi apresentado à rede de Cultura e Saúde, durante o Teia das ações, o projeto de resgate do tambor, sua história e algumas das canções compostas para o filme. Representando a Rede Sopapo estavam Sarah Brito, Têmis Nicolaidis e Sergio Valentim (Sopapo), Marcelo Cougo (violão e voz), integrantes do Coletivo Catarse, do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre e da banda Bataclã FC, além de Diego Kurtz (cuíca), do Ponto de Cultura e Saúde Teia Viva. Tocando pandeiro, junto com a turma estava o Marcelo de Paula, do Ponto de Cultura e Saúde Vila na Trilha.

As fotos são do Jackson Brum do Circulando.

Diego Kurtz (Cuíca) e Sergio Valentim (Sopapo)


Sopapo na roda


Marcelo Cougo e o Sopapo

domingo, 4 de abril de 2010

Na terra de Pinto Martins

O projeto está na cidade de Aracati, terra de Pinto Martins, um dos primeiros charqueadores do estado do Ceará e Rio Grande do Sul.
As oficinas do charque (como os cearenses batizaram o que no sul é conhecido como charqueada) fomentaram um dos ciclos econômicos mais importantes da cidade de Aracati. Porém, depois de uma seca de aproximadamente 05 anos que dizimou o gado da região, Pinto Martins deixou Aracati dirigindo-se ao sul do país, fixando-se em Pelotas. Lá ele aprimorou a atividade que já desenvolvia no estado do Ceará, originando a indústria do charque e o auge econômico da cidade de Pelotas.
Entrevistamos persoangens importantes na preservação da história de Aracati, como o sr. Zé Correa (diretor do Museu de Jaguaribe) e o sr. Antero Filho (pesquisador). Percorremos ainda a comunidade do Cumbe, uma comunidade remanescente de quilombos (aliás, a palavra "cumbe" significa quilombo). Em 2001 foi assinado um tratado de germinação entre os municípios de Pelotas e Aracati, devido a conexão das atividades do charque e seu pioneiro Pinto Martins.

Zé Côrrea, Diretor do Museu do Jaguaribe.

Antiga oficina do charque em Aracati

Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, Cumbe

quarta-feira, 31 de março de 2010

Suíte Senzala

A realização deste documentário sobre o Tambor de Sopapo vem surpreendendo a quem está se envolvendo. Por um lado já imaginávamos - e nos propusemos a tal - que iríamos encontrar um sem número de histórias envolvendo a matriz negra da história do Rio Grande do Sul. Agora, para o que não estávamos preparados era encontrar e descobrir o que realmente estamos desvendando aos poucos. O Sopapo, instrumento lindo, mítico, carrega na sua genética não parte, mas a própria história do que aconteceu nesta região das Américas.
Pelotas hoje é uma cidade estagnada, com uma nuvem de energia latente que paira sobre as cabeças de quem vive ali, algo pulsante, vivo, obscuro. E o Sopapo vem tocando e registrando este caminhar há séculos, até parar e se esconder para retornar como parte do profano - do sagrado, do elemento espiritual que acompanhava os escravos, ao profano das festas de carnaval.
E Pelotas calou sua própria história.
Os negros não queriam contá-la, pois desejavam se esquecer e não perpetuar com lembranças período tão sombrio, por isso passaram apenas a bailar no toque do tambor, tão lindo, tão retumbante e ressoante, que se bate com as mãos tocando o couro do animal sacrificado para a consagração da carne.
Os brancos trataram de apagá-la pelos seus interesses de manutenção da ordem. Seu poder sobre os negros se mantinha, assim, intacto, mesmo sem a escravidão legalizada, sobre a nova ordem da escravidão social. Os brancos criaram seus heróis assassinos, um hino mentiroso e uma bandeira que se diz verde e amarela riscada pelo vermelho do sangue dos heróis farroupilhas, sem dizer que este sangue, este líquido sagrado derrubado a troco de nada nas terras gaúchas, é dos negros, dos escravos que encamparam a luta dos oligarcas das charqueadas pela sua própria liberdade, tendo sido traídos friamente pelas mãos daqueles que hoje dão nomes às ruas de todas as cidades do estado. Foram massacrados para que não voltassem à terra em onde trabalhavam para reinvindicar, enfim, seus direitos de homens livres.
Hoje, Pelotas purga e cala esta história.

Ouça mais uma música que será trilha do filme, na voz da cantora pelotense Giamarê, gravada em uma versão demo no estúdio da Casa Brasil Dunas (foto).









terça-feira, 30 de março de 2010

A cuíca de Mestre Batista roncando em faixa demo da trilha do filme sobre o Tambor de Sopapo

"Ventre Livre Odara" é como um mantra, no violão e voz, Marcelo Cougo, no Sopapo, Dilermando.
Vai estar na trilha do documentário.
Dá um play aí!